As locomotivas diesel – elétricas RS1 foram as primeiras da Série Road Switcher da American Locomotive Works, produzidas em parceria com a General Electric entre 1941 e 1953 (ALCO/GE) e 1953 a 1960 (ALCO). Projetadas para serviços gerais, foram concebidas com traços de locomotivas de serviços de linha (Road) e manobreiras (Switcher), dentre os quais pode-se destacar o maior porte e autonomia que as locomotivas de manobra, capacidade de operação nos dois sentidos e cabine localizada próximo à traseira de forma a garantir maior visibilidade traseira em manobras. Equipado com o motor primário ALCO 539T capaz de entregar a potência de 1.000HP, o modelo RS1 conta com truques B-B para obter a máxima aderência com seus 112.300Kg de peso bruto e é capaz de atingir a velocidade máxima de 105Km/h, o que permite tracionar pequenas e médias composições de carga e passageiros com tanta facilidade em uma linha principal quanto manobrá-las em um pátio.
Com o total de 464 unidades fabricadas, a RS1 foi a locomotiva de maior período de fabricação da indústria ferroviária norteamericana, tendo sido o primeiro exemplar produzido em março de 1941 e o último em março de 1960. As primeiras treze unidades, vendidas para as companhias ferroviárias Atlanta and St. Andrews Bay Railroad, Chicago (901 a 903), Milwaukee, St. Paul and Pacific Railroad (1678 e 1679), Chicago, Rock Island and Pacific Railroad (746 a 749), New York, Susquehanna and Western Railroad (231 a 233) e Tennessee Coal, Iron and Railroad Company (601 e 602), foram requisitadas e modificadas pelo Exército dos Estados Unidos para RSD1 na ferrovia Trans Iraniana para o fornecimento de suprimentos para a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945). As demais foram vendidas para 46 clientes na América do Norte, dentre os quais pode-se destacar a New York Central (14 unidades), Pennsylvania Railroad (27 unidades), Chesapeake and Ohio Railroad (2 unidades), Kansas City Southern (4 unidades) e Ferrocariles Nacionales de Mexico (64 unidades). Fora da América do Norte, apenas quatro companhias ferroviárias adquiriam esse modelo: A Arabian American Oil Company, na Arábia Saudita (6 unidades); e as brasileiras São Paulo Railway (uma unidade), Estrada de Ferro Central do Brasil (43 unidades) e E.F. Santos a Jundiaí (8 unidades).
A primeira encomenda foi realizada em 1943 pela São Paulo Railway, de quatro locomotivas RSC1 (modelo RS1 equipado com truques A-1-A) numeradas 500 a 503, das quais apenas a nº500 chegou nos últimos meses de operação da Companhia inglesa, e as demais foram entregues já para a E.F. Santos a Jundiaí. Além dos trens-unidade da famosa Constelação da SPR, a RSC1 nº500 foi um dos poucos veículos movidos a diesel dessa ferrovia que sempre preferiu a tração a vapor e apenas decidiu pela eletrificação e dieselização tardiamente, de forma que a implantação do uso de material elétrico e diesel – elétrico foi praticamente inteira realizada por sua sucessora estatal, que adquiriu em 1956 outras oito locomotivas, numeradas 504 a 511, como reforço de seu parque de tração a diesel. Uma observação curiosa é que apenas a nº500 veio com a rodagem A-1-A-A-1-A (e foi posteriormente rebitolada para B-B), ao passo que todas as outras foram entregues com truques de dois eixos motorizados (rodagem B-B).
A outra encomenda foi realizada pela Central em 1945, como primeiro passo do processo de substituição da tração a vapor pelo diesel, de trinta e cinco locomotivas em dois lotes de vinte e quinze unidades, numeradas 3100 a 3134. O parque de tração movido a diesel, até então formado por apenas cinco locomotivas S1 (unidades 3001 a 3005), passava agora a exercer uma participação considerável nas principais linhas da Companhia e exigir toda uma modernização nas oficinas da empresa e treinamento de funcionários para a sua manutenção, abastecimento e operação. As RS1 receberam a clássica pintura Cherry Red das S1 (vermelha com a faixa marfim, o nome CENTRAL escrito em branco com sombras verdes), porém com o tanque e estrado pintados de preto.
As novas locomotivas foram primeiramente alocadas para os trechos da Serra do Mar, perigosamente percorridos por locomotivas a vapor que, além dos altos custos operacionais, ofereciam altos riscos de asfixia à tripulação nos túneis da subida da Baixada Fluminense ao interior. Também, foram amplamente utilizadas na Linha do Centro e Ramal de São Paulo até 1948, quando o parque de tração foi reforçado com a chegada de mais oito unidades (numeradas 3135 a 3142) e as doze locomotivas FA1, que assumiram o papel principal do transporte de passageiros de longas distâncias da Central; e em 1958 chegaram as locomotivas 504, 506 e 508 da EDSJ, que foram renumeradas 3139, 3140 e 3141. Ao longo do tempo, foram alocadas para serviços secundários com a chegada de modelos mais modernos, como as RS3 (1952), SD18 (1961), RSD12 (1962) e SD38M (1967); renumeradas 7001 a 7043 pelo Código SIGO (1983) e baixadas ainda na mesma década.
Imagens:

Locomotiva 3107 da Divisão Especial de Subúrbios, na estação Pedro II, nos anos 1970. Acervo de Vinicius Marques

Locomotiva 7038 (antiga 3122) – única unidade da EFCB a receber a cabine padrão da Alco – em serviços de manutenção em Juiz de Fora, por volta de 1987. Acervo de Arthur Bilheri

Locomotiva 3122, renumerada como 29 na Divisão Especial de Subúrbios, na Baixada Fluminense, anos 1970. Acervo de Alexandre Fressatto

Locomotiva RSC1 nº500 da E.F. Santos a Jundiaí reequipada com truques B, anos 1950. Acervo de Renato Gigliotti

Locomotiva RS1 nº3109 da EFCB com um trem de subúrbio na Variante Poá, às vésperas da inauguração da eletrificação, nos anos 1960. Acervo de Eduardo J.J. Coelho

Modelos de locomotivas RS1 da EFCB com as pinturas Papo Amarelo (direita) e RFFSA – Central (esquerda) na maquete Central Sudeste, por Jose Rodrigues

Da esquerda para a direita: Locomotivas nºs 3120 (pintura Cereja), 3122 (pintura Papo Amarelo) e 3131 (pintura RFFSA)
Referências
CENTRO-OESTE. Disponível em <vfco.brazilia.jor.br>.
COELHO, Eduardo José Jesus; SETTI, João Bosco. A Era Diesel na Estrada de Ferro Central do Brasil. Memória do Trem, 1993.