A M1 é uma locomotiva vapor – elétrica construída pela Baldwin Locomotive Works entre 1947-1948 como uma última tentativa frente à forte concorrência dos fabricantes de locomotivas elétricas e diesel-elétricas, que vinham dominando o mercado ferroviário em ritmo acelerado desde a década de 1930. Com o aumento dos preços do carvão durante a Segunda Guerra Mundial, a Chesapeake & Ohio passou a ver nas locomotivas vapor-elétricas uma alternativa mais econômica de combustível, e também como mais barata em relação ao diesel. Foram construídas apenas três unidades, numeradas como 500-502, e destinadas ao serviço Chessie, que ligava Washington DC a Cincinnati, Ohio.
As razões da preferência da C&O pela tecnologia de propulsão por turbinas a vapor em detrimento da diesel elétrica são a maior aderência, em função da distribuição da potência para os eixos com a distribuição da tração, melhor desempenho em alta velocidade e redução de custos em relação à tração a vapor, com menor quantidade de peças móveis. Essa tecnologia prometia ser uma alternativa às propulsões diesel-elétricas e elétricas, principalmente para viagens de longas distâncias e alta velocidade, condições em que esse tipo de máquina apresenta melhor desempenho.
As locomotivas foram desenhadas pela C&O, Baldwin e Westinghouse, com uma configuração peculiar que dispunha o carvão no nariz da máquina, ao passo que a turbina ficava na traseira e o tênder era destinado unicamente ao transporte de água. A preferência pelo carvão como combustível para as locomotivas devia-se ao fato de a C&O possuir grandes receitas com o transporte de carvão e a preocupação dos engenheiros da empresa com um eventual esgotamento das fontes de petróleo. As máquinas eram equipadas com uma única turbina a vapor Westinghouse que gerava corrente elétrica contínua para os motores por meio de quatro geradores, visando a redução de partes móveis em relação às demais locomotivas a vapor, que possuíam braçagens para a transmissão de movimento para as rodas. Cada gerador produzia uma potência de 1.300HP, e os quatro geradores alimentavam oito motores de tração, que permitiam alcançar a velocidade de 160Km/h. Os engenheiros as projetaram para percorrer o trajeto de ida e volta de Washington a Cincinnati sem abastecimento. Quando entregues, eram as mais longas locomotivas do mundo.
A C&O logo promoveu a unidade 500 como a locomotiva do futuro, que iria tracionar o Chessie, em uma composição com quatro carros panorâmicos e até aquários com peixes tropicais nos salões, que seria inaugurado no verão de 1947. No entanto, a inauguração sofreu atrasos devido às greves de 1947 na Baldwin, Pullman e Budd que atrasaram o desenvolvimento do material, além dos maus resultados da locomotiva 500 nos testes. Finalmente, o trem foi lançado em fevereiro de 1948, junto com o streamliner da Baltimore & Ohio Railroad, que desviou boa parte do foco da imprensa, além de ter mostrado as limitações da demanda de passageiros entre Washington e Cincinnati, que vinha declinando na época.
No entanto, essas locomotivas logo revelaram-se uma má aquisição para a C&O, visto que sua manutenção mostrava-se extremamente complicada. As M1, que passavam mais tempo nas oficinas do que nas linhas, em função das inúmeras falhas operacionais. Os principais problemas davam-se com a alta vibração causada pelos motores no chassis das locomotivas. Com quaisquer vazamentos, que eram frequentes, a fuligem de carvão e água causavam maus funcionamentos nos motores de tração elétricos, cuja manutenção era dificultada pela estranha distribuição 2-C1-2-C1-B dos eixos em cinco truques da locomotiva. Na mesma época, os excelentes avanços na tecnologia diesel-elétrica, com destaque para a EMD- Electro Motive Diesel, que desenvolveu máquinas muito mais práticas, fáceis e baratas de manter, a preços e manutenção mais competitivos e acessíveis aos clientes, mostravam que a tração a vapor estava definitivamente obsoleta. Em função dos altos custos de manutenção e dificuldade para operar os serviços regularmente, as M1 logo foram baixadas e sucateadas, assim que a C&O iniciou seu processo de dieselização.
Imagens:

Modelo HO de uma Baldwin M1 evidenciando sua pintura laranja que não aparece nas fotografias P&B, fabricado pela Overland Models
Fontes: Ferreoclube(http://www.ferreoclube.com.br); American Rails(http://www.american-rails.com); Steam Locomotive Dotcom(http://www.steamlocomotive.com).