Os TUEs Toshiba/Kawasaki foram adquiridos em 1956 pela E.F. Sorocabana para o transporte de subúrbio e regional em sua linha tronco. Os 30 trens foram entregues para suprir o tráfego suburbano de passageiros que crescia vertiginosamente em função do espetacular desenvolvimento industrial na região da Grande São Paulo na década de 1950. Os quatro TUEs Pullmann/ACF “Carmen Miranda” adquiridos pela EFS já não davam conta da demanda. A Companhia adotou em 1953 a emergencial ampliação do material rodante com a modificação de 50 vagões de carga para carros de passageiros para serem rebocados pelos TUEs. Esses carros, conhecidos como “caveirões” devido ao formato peculiar das janelas de suas portas duplas, logo revelaram-se uma solução longe do ideal, devido à suspensão dura de vagões de carga e à ventilação precária(era comum circularem de portas abertas), fora que os Trens-unidade não eram projetados para carregar tanto peso adicional.
Visando a resolução desse problema, a EFS realizou uma licitação no mesmo ano para o fornecimento de 20 TUEs para o serviço suburbano na região metropolitana de São Paulo. O contrato para o fornecimento dos trens, que foi alterado para 30 unidades durante as negociações, foi assinado em 26/12/1956 pela companhia ferroviária e a fabricante japonesa Kawasaki Rolling Stock Mfg. Limited. Os trens foram fabricados pelo consórcio formado pelas empresas Tokyo Shibaura- Toshiba que construiu a parte elétrica; Kawasaki, responsável pelas caixas; e Tokiu Car Co., que construiu os truques dos trens. Os TUEs eram compostos de dois carros cabine reboques e um carro motor central, e podiam operar em tração múltipla formando composições de até 12 carros. Possuíam condições de inscrever-se em curvas de até 245 metros de raio, rampas de 2% de inclinação, e atingiam a velocidade máxima de 80Km/h.
Entregues em 1958, os trens ficaram conhecidos na EFS como TUEs Toshiba, visto que era o nome que possuíam nas placas de identificação. Inicialmente colocados em circulação na linha tronco da ferrovia(Júlio Prestes-Amador Bueno) e Ramal de Jurubatuba, e em função de seu relativo conforto para viagens de médio percurso(possuíam até bancos de palinha), foram logo alocados para diversos serviços entre São Paulo e Sorocaba e Iperó, e até em Santos e Peruíbe com o auxílio de locomotivas a diesel. No final dos anos 1960, quando os Carmen Miranda foram retirados de circulação do Ramal de Jurubatuba(aberto em 1958), logo foram os Toshibas também para a nova linha construída para encurtar a distância entre São Paulo e a Baixada Santista para os trens da Sorocabana. Esses TUEs, no entanto, já davam sinais de não dar conta da demanda no final dos anos 1960, e começaram a tornar-se frequentes superlotações nos trens, desgaste e depredações nas operações. Com o tempo, os trens passaram por diversas modificações, ganhando um design mais rústico e tornando-se uma das frotas mais heterogêneas a circular nas ferrovias paulistas.
Em 1971, quando a EFS foi incorporada na Fepasa, os Toshibas foram, aos poucos, cada vez mais alocados em serviços no trecho entre São Paulo e Sorocaba, com a supressão das rotas mais longas. Os trens passariam a ser deslocados para serviços secundários(Rota São Paulo-Sorocaba e diversos serviços no Ramal de Jurubatuba) a partir de 1978, com a chegada dos novos TUEs franceses da Série 9000. Em 1985, foram reformados nas oficinas de Rio Claro-SP, onde foram padronizadas as máscaras, interior e pintura de todas as 20 unidades que encontravam-se operacionais na época. Em 1990, uma composição formada por dois carros reboque e um cabine foi modificada para o TIM(Trem Intra Metropolitano) na Baixada Santista, recebendo modificações para operar em push-pull com uma locomotiva a diesel. No entanto, as reformas não impediram o rápido desgaste dos trens, de forma que quando ocorreu a transferência da gestão dos ativos da Fepasa para a CPTM, restavam apenas 7 unidades em operação, sendo três da Série 5900 na extensão da Linha Sul(renomeada Linha C-Celeste pela CPTM), um 5900 operando no TIM, e três Série 5600 na extensão Itapevi-Amador Bueno da então Linha Oeste(renomeada Linha B-Cinza). Todos receberam a pintura da DRM- Divisão regional Metropolitana da Fepasa, e posteriormente renumerados como Série 4800, e receberam as pinturas das fases II e III da CPTM.
Destas, o TIM foi desativado em 1999 em função dos enormes déficits operacionais e desinteresse da CPTM em reformar o serviço na época, que somente começaria a sair do papel em 2006, quando os cargueiros deixaram de circular na linha. As três composições da extensão Santo Amaro-Varginha da Linha C-Celeste(renomeada em 2008 como Linha 9-Esmeralda) operaram até 2001, e foram reformadas e enviadas para a CTB em Salvador em 2007, para suprir o extremamente desgastado parque de tração da ferrovia, que contava apenas com TUEs ACF no limite de sua vida útil. Os trens remanescentes em operação na extensão operacional Itapevi-Amador Bueno) da Linha B-Cinza(renomeada em 2008 como Linha 8-Diamante), e operaram até 30/04/2010, quando a CPTM encerrou o serviço na extensão para as reformas que somente seriam terminadas em 2014. Em 2015 restavam apenas dois Toshibas em atividade na CTB prestando serviços na linha Calçada-Paripe em Salvador.
Imagens:

Ao longo do tempo, esses trens passaram por diversas modificações pelas empresas que os possuíram. Foto de Alberto H. Del Bianco

Toshiba 4800 da CPTM com a pintura Fase III, em 30/04/2010, seu último dia de operação em São Paulo. Acervo de Eric Mantuan

Toshiba 4800 grafitado da CPTM em Amador Bueno, em seu último dia de operações. Acervo de Eric Mantuan

Cartaz da CPTM de aviso da desativação da extensão da Linha 8-Diamante(Itapevi-Amador Bueno) de 2010. O trecho seria reaberto ao público somente em 23/04/2014, com os trens da Série 5400 e duas paradas(Santa Rita e Amador Bueno). Acervo de Eric Mantuan
Fontes: Ferreoclube(http://www.ferreoclube.com.br); A Eletrificação das Ferrovias Brasileiras(http://www.pell.portland.or.us/~efbrazil/electrobras.html); CPTM em Foco(http://cptmemfoco.blogspot.com.br/); ViaTrolebus(http://viatrolebus.com.br/); Livro As Ferrovias do Brasil nos Cartões Postais e Álbuns de Lembranças.