Crampton é um modelo de locomotiva a vapor desenhado e patenteado pelo engenheiro Thomas Russell Crampton em 1846, cujos principais fabricantes foram a Tulk and Ley e Robert Stephenson and Company. Suas principais características eram o diâmetro avantajado das rodas motrizes e o eixo motriz localizado atrás da caldeira, que conferem ao modelo um baixo centro de gravidade para garantir estabilidade em altas velocidades e bom desempenho em qualquer bitola, mesmo as estreitas. Para as locomotivas a vapor, o diâmetro das rodas é essencial para garantir a velocidade, tendo em vista as limitações do motor a vapor- essa é a principal razão pela qual locomotivas manobreiras a vapor possuem rodas menores enquanto as máquinas destinadas ao transporte de passageiros em alta velocidade possuíam rodas motrizes de maior diâmetro. Os arranjos mais comuns eram 4-2-0(4 rodas guia, duas rodas motrizes e zero rodas suporte) ou 6-2-0(seis rodas guia, duas rodas motrizes e zero rodas suporte).
As locomotivas Crampton alcançavam até 120Km/h, velocidade elevada para a época. O projeto foi, sem dúvida, um grande avanço para a indústria ferroviária durante a Primeira Revolução Industrial e de grande contribuição para o aumento da competitividade e difusão das ferrovias durante o Século XIX. As locomotivas logo fizeram história para a popularização e construção da imagem mitológica do transporte ferroviário como um dos principais progressos da Revolução Industrial. Na França, com o tempo, surgiu a expressão “prendre la Crampton”(pegar a Crampton) como sinônimo de pegar um trem expresso.
Esse tipo de locomotiva tornou-se popular na Inglaterra, França e Alemanha, e foram utilizadas em algumas ferrovias também nos Estados Unidos. Com o tempo, o modelo Crampton ficou obsoleto e caiu em desuso, com o desenvolvimento de outros modelos de locomotivas mais eficientes, velozes e estáveis. Uma das principais causas foi o desenvolvimento de equipamentos de controle como manômetros, o que permitia também ao maquinista controlar melhor o funcionamento da máquina, temperatura na caldeira, pressão de vapor e consumo de água da locomotiva, o que permitia a outros modelos funcionar nas mesmas condições com menor risco de acidentes. Outra desvantagem operacional era a tração- locomotivas com mais rodas motrizes possuem mais aderência e derrapam menos nos trilhos quando tracionando composições mais pesadas.
Não há registros que comprovem a presença de locomotivas desse modelo em ferrovias brasileiras. Há alguns belos exemplares dessas lendárias locomotivas preservados na Inglaterra pelo National Railway Museum, na França pelo Cité du Train e na Alemanha pelo DB Museum. No Ferreomodelismo, também há exemplares em escalas HO e OO.
Imagens:

Pintura de Cuthbert Hamilton Ellis de um trem da London&North Western Railway puxada pela locomotiva Crampton “Courier” Acervo NRM, 1951
Fontes: Ferreoclube(Http://www.ferreoclube.com.br); National Railway Museum(Http://www.nrm.org.uk/); Cité du Train(Http://www.citedutrain.com/).