As locomotivas EE514-A da English Electric foram encomendadas nos final dos anos 1940 pela E.F. Santos a Jundiaí, durante os estudos e implantação de nova infraestrutura para a ferrovia, que durante a gestão da São Paulo Railway não havia recebido grandes investimentos para a substituição da tração a vapor. Apesar da saída do capital inglês, a nova empresa recorreu ao fabricante inglês English Electric Export & Trading Company para a compra de 15 novas locomotivas para serviços de carga e passageiros, e com as mesmas especificações técnicas da Companhia Paulista, visando a facilidade na integração das duas ferrovias. As máquinas, fabricadas entre 1949 e 1950, eram as mais modernas locomotivas elétricas de sua época, e inclusive foram produzidas unidades para clientes da English Electric na Espanha(75 unidades) e Índia(7 unidades).
As locomotivas possuem 127 toneladas e potência de 3.000HP, sendo capazes de tracionar composições de 600 toneladas a uma velocidade máxima de 61Km/h, em linhas de rampa máxima de 2,5% e raios de cerca de 320 metros. Enquanto os trens de carga eram limitados a 600 toneladas em função das limitações nos pátios para manobras, as composições de passageiros passavam facilmente das 700 toneladas, por causa dos carros ACF adquiridos pela CPEF nos anos 1920, em composições de 10 a 12 carros. Ao longo do tempo, receberam seis pinturas: A EFSJ vinho, EFSJ vermelha, RFFSA Fase I(vermelha com uma faixa amarela com a inscrição EFSJ; vermelha com uma listra amarela e duas nas extremidades e a inscrição RFFSA com parte da numeração SIGO; vermelha com uma listra amarela e duas nas extremidades e a numeração SIGO completa; RFFSA vermelha com o número em amarelo, em destaque) e Fase III(cinza e amarela). Tinham o apelido “Pimentinhas” dado pelos funcionários da Companhia Paulista por causa da pintura vermelha e amarela da RFFSA.
Além das 15 locomotivas produzidas e entregues pela English Electric, foi construída em 1955 uma 16ª unidade nas oficinas da EFSJ, a partir do imenso estoque de peças sobressalentes enviado pelo fabricante, ao qual foi apenas solicitada uma carcaça para a conclusão da máquina. Numeradas 1000 a 1015(9001 a 9016 no código SIGO), foram as únicas locomotivas elétricas da E.F. Santos a Jundiaí até os anos 1970, quando foram trazidas as Escandalosas da Central do Brasil, que não apresentavam desempenho satisfatório nas linhas eletrificadas da Central, principalmente no trecho de serra entre Japeri e Barra do Piraí.
As máquinas vieram com o engate europeu Buffers and Chain(Gancho e Corrente), que era utilizado pela SPR e CPEF, e posteriormente substituído pelo modelo Janney, que era padrão nos Estados Unidos. Há relatos de que vieram também com as rodas raiadas, como era tradicional de locomotivas da indústria inglesa, e que também foram substituídas pelas rodas fechadas predominantes na indústria norteamericana; além do farol único, substituído pelo modelo duplo “sealed bean”. Visando uma maior facilidade e segurança nas operações, as locomotivas eram bifrontais, e possuíam um interessante dispositivo que fazia com que os pantógrafos se abaixassem caso as portas de acesso aos motores fossem abertas.
A manutenção leve das locomotivas era realizada do lado de fora do depósito de locomotivas anexo à Estação da Luz, enquanto a manutenção pesada era feita nas oficinas da Lapa, que dispunham de três linhas-teste para as locomotivas recém saídas da manutenção. As Pimentinhas operaram na RFFSA mais de três décadas, quando foram aposentadas nos anos 1990 quando da privatização da RFFSA, não houve interesse por parte dos investidores privados na continuidade do uso da tração elétrica. Em 2016 havia três unidades desativadas no pátio da Luz(9005, 9006 e 9016- antigas 1004, 1005 e 1015), em condições relativamente boas para a colocação em preservação estática.
Imagens:

Locomotiva 1015(no Código SIGO 9016-9L) com a pintura RFFSA Fase II, em 1995. Destaque para as duas numerações(original e SIGO) presentes no corpo da locomotiva. Via Centro-Oeste

Locomotiva EE514-A nº1015 com a pintura RFFSA Fase II, tracionando uma composição de carros Fepasa. Modelo Electrotren customizado por Fabiano Louzada. Foto de Danilo Pessolato
Fontes: Ferreoclube(Http://www.ferreoclube.com.br); Museu Ferroviário Paulista(Https://www.facebook.com/museuferroviariopaulista)?fref=ts; Mestre Ferroviário(Http://mestreferroviario.blogspot.com.br); Centro-Oeste(Http://vfco.brazilia.jor.br); E.F. Brasil: A eletrificação das ferrovias brasileiras(Http://www.pell.portland.or.us/~efbrazil/electrobras.html).