
Locomotivas Stadler no viaduto da Grota Funda, na Serra do Mar. Créditos na imagem
A He 4/4 é uma locomotiva elétrica de cremalheira construída pela Stadler Rail para a MRS Logística. As máquinas são feitas sob medida para a cremalheira da MRS, pela qual a empresa realiza o transporte de mercadorias pela Serra do Mar, no Estado de São Paulo. Possuem 121.000Kg, 6.710HP e atingem a velocidade máxima de 30Km/h, e são movidas a energia elétrica, características esperadas de uma locomotiva de cremalheira.
Para transpor a Serra do Mar — uma escarpa de oitocentos metros de altitude que separa o Porto de Santos da Capital — a SPR, primeira companhia ferroviária paulista, utilizou um sistema funicular para que os trens pudessem trafegar no trecho de 11% de inclinação. Em 1974 a RFFSA desativou o já obsoleto funicular e substituiu-o pela mais moderna tecnologia da cremalheira-aderência, e inaugurou um novo trecho na Serra do Mar. Em 1998 a concessão foi passada para a MRS Logística S.A. que a opera desde então.
Com o aumento do volume de cargas de 5,6 milhões de toneladas/ano em 1996 para 13,6 milhões ton/ano em 2011, a demanda no trecho da Serra do Mar cresceu consideravelmente, e passou a demandar mais das locomotivas Hitachi, que já não davam conta do serviço com mais 30 anos de operações. O sistema de partilha também começou a dar sinais de saturação, e passou a ser um modelo cada vez mais restritivo tanto para o transporte de cargas como de passageiros.
Em parceria com a CPTM, que modernizou consideravelmente a malha metropolitana da antiga CBTU-SP, a MRS ampliou e otimizou de forma respeitável a capacidade de transporte de cargas na Região Metropolitana de São Paulo, tanto pela aquisição de vagões de maior capacidade, como pela construção de segregações de via, com destaque para a Segregação Leste, correspondente ao trecho Manoel Feio-Suzano. Com as novas segregações, os horários de circulação dos trens de carga, bem como o tamanho das composições, podem ser ampliados sem afetar a circulação no serviço urbano. A ampliação da estrutura ferroviária da Grande São Paulo com a reforma de estações e construção de segregações para o transporte de cargas é essencial para garantir maior eficiência e pontualidade para as operações, tanto para a MRS, que precisa de trens maiores e em mais horários para atender seus clientes, como para a CPTM, que vem lidando com progressivos aumentos de demanda decorrentes da reforma de estações, trens e sinalização em suas linhas.
Como tanto a construção de uma nova linha para cremalheira, como a duplicação do trecho atual seriam obras muito demoradas e caras, e considerando também o fato de o parque de tração da cremalheira já estar na metade da vida útil, a empresa optou por substituir as Hitachis por locomotivas mais potentes. Em 2012 a MRS adquiriu sete locomotivas de cremalheira da Stadler Rail, e as máquinas foram entregues em 2012, entrando em operações no final do ano. As novas locomotivas são mais potentes e modernas, e permitiram o aumento da eficiência nos transportes na ferrovia.
A cremalheira da MRS é a única ferrovia comercial de cremalheira a realizar o transporte pesado de cargas, e também o único a utilizar locomotivas elétricas para carga no Brasil. Suas locomotivas Stadler são frequentemente vistas em manobras nos pátios de Paranapiacaba e Raiz da Serra, terminais do trecho de cremalheira. Quanto às antigas locomotivas Hitachi, a ABPF possui intenções de adquirir alguns modelos para preservação. Infelizmente, apesar de lendárias, não há exemplares dessas locomotivas no Ferreomodelismo.
Imagens:

Dupla de locomotivas Stadler em Paranapiacapa

Locomotiva Hitachi a diesel da MRS(ainda com a pintura da RFFSA) utilizada para a manutenção da rede aérea na cremalheira. Foto de William Molina

Fotografia da inauguração da cremalheira da Serra do Mar. Foto de Sérgio Corrêa

Locomotivas Hitachi com a pintura da MRS. Foto de Alexandre Pisciottano

Locomotiva Hitachi a diesel da MRS. Via CLube Amantes da Ferrovia

Equipe da MRS com a nova locomotiva Stadler He 4/4

Trem da MRS chegando em Raiz da Serra. Destaque para o trilho dentado da cremalheira. Foto de Ricardo Carvalho
Fontes: Ferreoclube(Http://www.ferreoclube.com.br); MRS Logística(Http://www.mrs.com.br); Clube Amantes da Ferrovia(Http://www.amantesdaferrovia.com.br); ABPF(Http://www.abpf.org.br); Museu Ferroviário Paulista(Https://www.facebook.com/museuferroviariopaulista/?fref=ts); Revista Ferroviária(Http://www.revistaferroviaria.com.br).